No post anterior falámos do coração. E se o coração é uma das coisas que distingue um grande jogador dos outros, hoje falamos de outra das qualidades que separa as águas entre os melhores e o resto.
Na NBA abundam os grandes atletas. Podemos mesmo afirmar que para lá jogar há que, obrigatoriamente, ser um grande atleta. E por grande atleta queremos dizer ter molas nos pés, ser rápido que nem um relâmpago ou forte que nem um touro. Os exemplos de jogadores com uma ou mais destas características são inesgotáveis. Queremos também dizer outras características atléticas menos óbvias como a resistência e a durabilidade. A temporada é longa e não é fácil aguentar o ritmo de tantos treinos, jogos e viagens. E também aqui não faltam exemplos.
Mas o que também não falta são exemplos de jogadores que, apesar de serem atletas de eleição, espécimes humanos fora de série, dotados de todas as capacidades para dominar num campo de basquetebol, não o fazem. Ou não o fazem tão bem como outros menos dotados fisicamente.
E depois há, mais raros, os casos de jogadores que, não sendo particularmente rápidos, não saltando muito nem sendo muito fortes, conseguem tornar-se estrelas, All Stars e mesmo Hall of Famers.
John Stockton é um dos que vem à mente imediatamente. Não era especialmente rápido, não saltava muito e com os seus 77 kgs por 1,85m era um peso leve. É verdade que tinha uma resistência e durabilidade invulgares, raramente falhando um jogo ou tendo uma lesão. Jogou durante 19 temporadas e apenas por duas vezes não fez todos os 82 jogos da temporada regular. Em 89-90 falhou 4 jogos e em 97-98, 18. 22 jogos perdidos em 19 anos.
Mas, se a sua durabilidade excepcional lhe permitiu ter uma longa carreira, o que a tornou bem sucedida foi essa outra qualidade que distingue os melhores: a leitura de jogo.
Num mundo de grandes atletas aquilo que faz a diferença é quem percebe melhor o jogo, quem o lê melhor. Quem é mais inteligente e toma as melhores decisões.
Deixo-vos dois bons artigos sobre essa qualidade comum aos melhores de sempre:
Beckley Mason, do Hoopspeak, faz uma análise a essa qualidade intangível que faz toda a diferença.
E Tom Farrey, da ESPN, analisa Ricky Rubio e a capacidade de interpretar e processar informação que transforma um jogador num génio.