É a notícia do dia. Segundo David Aldridge, comentador da NBA.com e da TNT, os Nets e os Nuggets estão muito perto de fechar o negócio da troca de Carmelo Anthony. David Aldridge costuma saber do que fala e os seus contactos na NBA são fiáveis. Por isso, quando DA anuncia uma troca, nunca é apenas um boato. Claro que não significa que o negócio vai avançar de certeza (até ser oficial tudo pode sempre mudar), mas está numa fase muito avançada.
A realizar-se, será uma troca quase inédita, pois não há memória duma estrela forçar a troca duma equipa de topo para uma equipa que é das mais fracas da liga. Mas Anthony quer jogar na sua cidade natal, Nova Iorque, e, embora a sua preferência fossem os Knicks, estes não têm as peças suficientes para oferecer aos Nuggets e Melo pode ter de contentar-se com os Nets. O cenário ideal para Melo era tornar-se free agent no final desta época e assinar com os Knicks, que têm espaço salarial para ele. Mas em Denver não vão deixar que aconteça o que aconteceu aos Cavs. Se ele assinasse na offseason com outra equipa ficavam sem o seu melhor jogador e não recebiam nada em troca. O próprio Carmelo já afirmou que não quer fazer isso àquela que é a única equipa pela qual jogou na sua carreira. Quer sair, mas quer que os Nuggets recebam algo em troca. Como ele disse recentemente, "não sou o Chris Bosh" (sim, podia ter dito também Lebron James, mas hostilizar Bosh não é o mesmo que hostilizar Lebron). Por isso, vai ser trocado esta época. Isso é garantido. E a equipa que oferece o melhor pacote (daquelas para onde Carmelo aceita ser trocado) são os Nets.
O cenário que está em cima da mesa envolve também os Pistons, numa mega-troca entre as três equipas. Seria assim: New Jersey recebe Anthony, Chauncey Billups, Anthony Carter, Shelden Williams e Richard Hamilton. Os Nuggets recebem Devin Harris, Derrick Favors (a primeira escolha no draft dos Nets esta época), Anthony Morrow, Stephen Graham, Quinton Ross, Ben Uzoh e mais duas escolhas no draft. Os Pistons recebem Troy Murphy (e o seu contrato de 12 milhões que expira esta época) e Johan Petro.
Para os Pistons, os ganhos são fáceis de perceber: livram-se do contrato de Hamilton (mais dois anos e 25 milhões, depois desta época), resolvem o problema que têm na posição de shooting guard (Ben Gordon pode finalmente assumir a posição e não dividir minutos com Hamilton). E com o contrato de Troy Murphy a terminar no fim da época, são mais 12 milhões que ficam livres para finalmente reconstruirem a equipa. É um passo em frente que já deviam ter dado.
Para os Nuggets também é fácil de perceber: conformados com a saída de Carmelo, procuram receber o máximo que conseguirem em troca. E Devin Harris, Derrick Favors, Anthony Morrow, Stephen Graham, Quinton Ross, Ben Uzoh e mais duas escolhas no draft é um belo pacote. Jogadores jovens e com potencial, para construir uma nova equipa (Harris, Favors, Morrow), jogadores que lhes dão flexibilidade para fazer mais trocas ou libertar espaço salarial e escolhas no draft. Um pacote ideal para quem vai entrar em modo de reconstrução.
Já para os Nets, o negócio é, na nossa opinião, mais difícil de perceber: embora seja claro que a possibilidade de contratar uma estrela como Carmelo é irresistível, tudo o que estão a fazer e a dar em troca para o conseguirem pode ser demais.
Vão desfazer-se dum base jovem e talentoso que pode ser o dono da posição por muitos e bons anos (Devin Harris), mais um potencial power forward de topo (Derrick Favors), mais um shooting guard ainda jovem e que é um dos melhores atiradores da NBA (o nosso predilecto aqui no SeteVinteCinco Anthony Morrow), mais o contrato de Troy Murphy (suficiente para contratar um free agent de topo), mais quatro jogadores e duas escolhas em drafts futuros.
É um backcourt inteiro, mais um jogador promissor do frontcourt e quase toda a flexibilidade de que dispõem nos próximos anos.
Pelo quê? Um backcourt veterano (Billups e Hamilton) que está na fase descendente da carreira e podem ter, no máximo, mais uma ou duas boas épocas ainda neles. Para além disso, Billups já disse que, a acontecer a troca, não gostava de ficar nos Nets no próximo ano. O cenário mais provável é fazerem um buy-out do seu contrato depois desta época e ficarem com esse espaço salarial, o que os poria outra vez no mercado para procurar um base.
E depois temos Anthony. Uma estrela, sem dúvida, mas uma estrela sobrevalorizada. O seu maior talento é marcar pontos e pouco contribui nas outras áreas do jogo. Ganha muitos poucos ressaltos para um jogador da sua altura, não distribui a bola o suficiente para um jogador que sofre tantos dois contra um e não é um grande defensor.
O seu cinco inicial para o resto da temporada seria Billups, Hamilton, Anthony, Kris Humphries e Brook Lopez. Um belo cinco titular e que os colocaria, sem dúvida, entre as melhores equipas da conferência. Com um recorde de 10-27 e com o oitavo lugar no Este a cinco jogos de distância (os Sixers, com 15-22) poderiam entrar na corrida pelos playoffs já esta época. Mas depois temos o problema do banco. Para receber estes jogadores, sacrificam mais de metade da equipa e ficam com um banco fragilizado e pouco profundo.
Com estes jogadores têm de ganhar agora. E podem até ganhar, numa primeira ronda, a equipas como Atlanta, New York, Indiana ou até mesmo Chicago, mas não têm poder de fogo suficiente para Boston, Miami ou Orlando.
Por isso, arriscam-se a não ganhar agora, porque não têm equipa suficiente, nem ganhar depois, porque hipotecaram o futuro. O que os Nets trocam é um projecto de construção para o futuro por um projecto que procura resultados imediatos, mas dificilmente os alcançará. Se estivéssemos no lugar de Billy King? Ficávamos quietos e continuávamos a construir a equipa como até aqui. Carmelo vale muito, mas não tanto.