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Thursday, April 28, 2011

Como os Grizzlies perderam o jogo


A esta hora podiam estar de volta a Memphis e a celebrar uma vitória histórica sobre os primeiros classificados. Podiam ter sido recebidos como heróis. Podiam ter feito manchetes por todo o mundo. Podiam estar já a descansar e a preparar-se para a segunda ronda frente aos Thunder. Mas por 1.7 segundos não estão.

Estão de volta a Memphis, sim. Mas a prepararem-se para um difícil e decisivo jogo 6 frente aos Spurs. Tiveram a série nas suas mãos, mas deixaram escapar. Porque apesar de todo o mérito que teve Gary Neal naquele lançamento milagroso, foram más decisões defensivas que custaram o jogo aos Grizzlies.

Os Spurs estavam a perder por 3 pontos, com 1.7'' para jogar. Os Grizzlies sabiam que eles iam tentar obrigatoriamente um triplo. Não tinham tempo para mais nada. Tinham então, os de Memphis, duas opções: ou fazer falta ou defender a todo o custo a linha de 3 pontos. Não fizeram nem uma nem outra. Fizeram isto:



A questão de fazer falta nestas situações é uma já largamente debatida e polémica. Fazer logo falta, dar dois lances livres à outra equipa e não os deixar tentar um lançamento de 3? Ou defender e tentar contestar o lançamento triplo?
Aparentemente a lógica diz que se deve fazer falta e assim permitir apenas dois pontos. Mas na prática é mais difícil que isso. Porque depende do local onde é a reposição da bola, depende de onde o atacante recebe a bola e depende de como é feita essa recepção. E no segundo lançamento livre o atacante vai obrigatoriamente falhar de propósito para tentarem um ressalto ofensivo e uma tapinha. Será esse ressalto ofensivo mais fácil de defender que o lançamento de 3 pontos?
Essa é uma questão que ficará para outro post, mas para já vamos apenas dizer que os Grizzlies optaram (e bem, na nossa opinião) por não fazer falta e defender o previsível lançamento de três pontos. E foi aí que falharam redondamente.

A jogada começa com George Hill a cortar na diagonal, pelo meio do garrafão, para ocupar uma posição no canto esquerdo do campo. Ao mesmo tempo, Antonio McDyess faz um bloqueio a Tim Duncan na cabeça do garrafão. Os Grizzlies trocam neste primeiro bloqueio, com Darrell Arthur a ficar com McDyess e Shane Battier a ficar com Duncan. Depois Duncan, defendido por Battier, vai fazer um segundo bloqueio do outro lado da cabeça do garrafão, a Gary Neal.
Aqui a estratégia dos Spurs é clara: libertar Neal para um triplo acima do garrafão, ou numa segunda opção (de recurso, caso Neal não consiga receber), passar a Hill no canto.
E foi aqui que Shane Battier (que ainda por cima é um dos melhores defensores da equipa e da NBA) errou.

Quando Duncan faz o bloqueio, Battier não trocou. Já esta decisão foi errada, porque a ameaça aqui era Gary Neal. Mesmo que Duncan ficasse sozinho, Ginobili não lhe ia passar a bola e, mesmo que passasse, Duncan receber a bola dentro da linha de 3 pontos garantia a vitória.
Mas depois faz pior, ao nem sequer dar o tempo de ajuda (que se exige quando não se troca num bloqueio) à frente de Neal, para tapar a linha de passe e dar tempo a OJ Mayo para ultrapassar o bloqueio e recuperar.
Assim, Neal conseguiu sair do bloqueio sem oposição, receber em boa posição e com espaço para lançar. O que podia (e devia) ter sido um triplo muito contestado e sob a pressão intensa de dois defesas, tornou-se um triplo em boa posição e com um defesa que chegou atrasado e nunca esteve em posição de contestá-lo verdadeiramente.

Diz-se que os pequenos pormenores decidem os grandes jogos. E nos playoffs um pequeno pormenor pode decidir uma série. Nos playoffs a experiência conta. E os Grizzlies aprenderam isso ontem. Ou assim esperam em Memphis.