.:[Double Click To][Close]:.

Sunday, April 24, 2011

O melhor basquetebol do mundo


Todos os anos por esta altura somos relembrados porque gostamos tanto de basquetebol e da NBA. Jogos emocionantes, resultados incertos, exibições individuais extraordinárias e soluções tácticas engenhosas. É por isso que gostamos tanto dos playoffs! É quando os jogos são mesmo a sério, quando os treinadores e jogadores tiram todas as cartas da manga e utilizam todos os recursos à sua disposição. É quando o basquetebol da NBA atinge o seu expoente máximo.

Não é que a temporada regular não tenha estes ingredientes, mas nos playofs tudo é elevado a um outro nível. A temporada regular tem emoção, resultados e jogos imprevisíveis, jogadas espectaculares e sistemas defensivos e ofensivos excitantes, mas as equipas costumam manter-se fiéis a um sistema. Apesar dos scouting reports e da preparação que cada equipa faz para cada jogo, é comum manterem-se dentro do seu sistema e não sairem dele para vencer um jogo isolado. Nessa fase regular, cada equipa está focada em si, em praticar as suas jogadas, em dominar as suas movimentações e criar rotinas individuais e colectivas. São 82 jogos para praticar e consolidar o seu sistema.

As soluções táticas são mais genéricas. O foco é "o que nós temos de fazer e saber" e não "o que temos de fazer para ganhar à equipa x". Para além disso, os treinadores não querem revelar todas as suas armas nesta primeira fase e, principalmente na defesa, optam pelas soluções standard. Nos playoffs, por outro lado, há um estudo do adversário e um planeamento em função deste que não ocorre nos 82 jogos da fase regular. A temporada regular é standard. Os playoffs são personalizados. É a altura de tirar os coelhos da cartola. Nos playoffs é quando o jogo de xadrez começa.



E o facto de termos várias partidas entre as mesmas equipas eleva o nível do jogo a um patamar inédito no resto do ano. Podemos ver isto, por exemplo, na série entre os Bulls e os Pacers.

Nos dois primeiros jogos, os Pacers defenderam Rose da forma "normal": defesa individual, em meio-campo, com o defensor (Darren Collison ou Paul George) a tentar manter-se na sua frente para impedi-lo de penetrar. Quando havia penetração (e houve muitas), vinha a ajuda dos jogadores interiores. Fundamentos defensivos. Coisa dos livros, standard. Se fosse um jogo da temporada regular, ficava por aqui (com os resultados que teve) e as equipas partiam para o próximo jogo. Mas estamos nessa bela época que são os playoffs.

Depois de Rose ter, praticamente sozinho, desmantelado a defesa dos Pacers (37.5 pts de média) nesses dois jogos, no terceiro, Frank Vogel reagiu e mudou a defesa: começou a fazer dois contra um a Rose, muitas vezes antes do base dos Bulls passar o meio-campo. Ele era obrigado a passar logo a bola e assim conseguiam impedir as suas penetrações e também manter a bola fora das suas mãos.


Apercebendo-se da disrupção que isto provocava no ataque dos Bulls, Tom Thibodeau respondeu a essa estratégia, fazendo algo que nunca fez na temporada regular: colocou Rose e CJ Watson em campo ao mesmo tempo, para ter outro base que pudesse controlar a bola.

É este tipo de riqueza táctica que não vemos na temporada regular. É isto que os playoffs fazem à NBA (e ao basquetebol): elevam o nível de jogo, obrigam a soluções criativas e inovadoras. Obrigam as equipas a tentar soluções diferentes. Fazem o jogo evoluir. E é essa dimensão estratégica que torna os playoffs o momento mais alto da melhor liga do mundo. Em suma, oferecem-nos momentos únicos de basquetebol. Oferecem-nos o melhor basquetebol do mundo.