Estes playoffs estão a ser tudo aquilo que se esperava. Ou não? A Este todas as séries seguem como previsto. Bulls, Heat e Celtics (com maior ou menor dificuldade) ganharam os seus jogos e lideram com um confortável 2-0 e aquela onde era possível uma surpresa está empatada.
Já a Oeste as coisas parecem um bocado trocadas. As séries que se esperavam renhidas (Mavs-Blazers e Thunder-Nuggets) estão 2-0 e aquelas que se previam mais desequilibradas, estão empatadas (mas, também, sempre dissemos que o Oeste seria mais imprevisível, não é?).
E no entanto, apesar dos resultados inesperados, só numa série as circunstâncias se alteraram significativamente. Os Lakers seguem empatados, mas mesmo assim os Hornets não parecem uma ameaça real (não será nenhuma surpresa se não ganharem mais nenhum jogo). Os Spurs empatados seguem, mas (como vimos no jogo 2) a sua experiência pode desequilibrar um jogo renhido (como se prevêem os próximos) para o seu lado. E a vantagem dos Thunder está a confirmar a sua evolução de pretendentes para candidatos (e o 2-0 é muito mais mérito deles que demérito dos Nuggets).
Onde muita coisa mudou e as previsões (incluindo a nossa) estão a ir por água abaixo, é para os lados de Portland. Esta era uma série que se previa muito renhida e, depois de adquirirem Gerald Wallace, pensava-se que os Blazers podiam ser uma equipa capaz de desafiar as melhores do Oeste. Junte-se isto às desilusões que os Mavs já nos habituaram nos playoffs e tinhamos todos os ingredientes para uma surpresa.
Mas a realidade tem sido bem diferente. Os Mavs parecem sólidos e confiantes e os Blazers tiveram em claro sub-rendimento nos dois primeiros jogos. E um jogador acima de todos personifica esse sub-rendimento: Brandon Roy. Nestes dois jogos, o ex-All Star está com as inacreditáveis médias de 1 pt, 1 res e 1.5 ass (em 17 minutos). É claro que, depois de ter os dois joelhos reconstruidos cirurgicamente, ninguém esperava que ele voltasse à sua forma de All Star ou voltasse a ser o melhor jogador da equipa. Ninguém esperava que fosse a principal ameaça ofensiva dos Blazers e o jogador que fosse liderá-los à vitória. Não, esse papel já não é o dele. Agora esta é a equipa de LaMarcus Aldridge (que ainda não é All Star de facto, mas joga com um), Gerald Wallace (que já foi All Star) e Andre Miller (e Wes Matthews, que é o shooting guard titular e para continuar).
Mas o que os fãs em Oregon (e Nate McMillan) esperam é que Roy seja um jogador importante no seu papel actual: a sair do banco. Um suplente de luxo, capaz de liderar e desequilibrar na segunda unidade e eventualmente jogar muitos minutos com os titulares (um papel como o que Odom tem nos Lakers, em que começa no banco, mas é um dos jogadores mais importantes da equipa e que joga com os titulares nos momentos decisivos).
Como é que vou marcar daqui?
Poderá Roy viver bem nesse papel? É claramente um papel novo e para o qual ainda se está a mentalizar, pois depois da segunda derrota em Dallas (em que jogou apenas 7 minutos), manifestou publicamente a sua frustração e afirmou que "houve um momento na primeira parte em que me senti mesmo mal, senti-me com pena de mim próprio. Especialmente quando penso que posso ajudar. (...) Estaria a mentir se dissesse que não fiquei desapontado (com os 7 minutos de utilização) Mas tenho de seguir em frente e manter-me forte. Mas é duro."
A equipa ameaçadora e perigosa que prometiam ser, parece agora desorientada e encontra-se, mais uma vez devido a lesões, num limbo. Estão encostados às cordas, mas ainda não é tarde para reagir. A série vai a meio e ainda podem inverter o estado das coisas. Mas para isso, Roy tem de render mais e contribuir. O futuro dos Blazers está nas suas mãos. Apenas duma forma diferente à que ele estava habituado.